Pânico - o que é, como agir e como controlar / Dicas de salvamento em distúrbios público



PÂNICO - PÂNICOPÂNICO PÂNICOPÂNICOPÂNICO 


A origem da palavra pânico é relativa ao deus da mitologia grega, Pan; que assusta sem motivo; relacionado a susto ou pavor repentino, às vezes, sem fundamento; que provoca uma reação desordenada individual ou coletiva de propagação rápida.

O pânico é uma sensação psicológica de temor, a qual se manifesta de forma dinâmica ou estática. É causada por uma informação ou fato que extrapola a faixa de normalidade de um indivíduo, tornando-se adverso em razão do seu não processamento, podendo ser intensificado por fatores emocionais. É importante considerar que as pessoas envolvidas em um incêndio podem ser tomadas pelo pânico, e isso inclui os bombeiros

Essa situação pode levá-los a uma condição irracional, dando vazão a vários instintos primitivos básicos (fuga, luta, medo). Cada pessoa apresenta reações próprias, podendo ir desde o choro convulsivo e histérico até permanecerem estáticas, aparentemente sem reação.

Existem vários exemplos de incêndios nos quais as pessoas, na busca frenética e desordenada por uma saída do local sinistrado, acabaram, infelizmente, em locais de difícil acesso para o salvamento, como banheiros, atrás de armários, debaixo de mesas ou em locais inundados pela fumaça, tornando-se vítimas fatais:

GRAN CIRCUS NORTE AMERICANO - 1961, rio de janeiro - 503 mortos (70% criança) e mais de 1.000.00 pessoas feridas

ASTÓRIA – em julho de 1963, Rio de Janeiro – 4 (quatro) mortos e 30 (trinta) feridos;

ANDRAUS – fevereiro de 1972, São Paulo – 16 (dezesseis) vítimas fatais

JOELMA – fevereiro de 1974, São Paulo – 188 (cento e oitenta e oito) vítimas fatais

BOATE KISS – Fevereiro de 2013, Santa Catarina – 242 (duzentos e quarenta e duas) vítimas fatais e 116 (cento e dezesseis) feridos.


A tentativa desordenada de evasão, impulsionada pelo desejo único de permanecer vivo, estabelece a “lei do mais forte” em toda sua dimensão, e, invariavelmente, ocorrem pisoteamentos, esmagamentos e saltos para morte, que são gestos desesperados e traduzem não uma tentativa de escapar, mas o último esforço para reduzir o martírio e os sofrimentos da morte pelo fogo. Por esses motivos, nem sempre a vítima facilita a ação do bombeiro, que deve conseguir realizar uma ação correta de convencimento, persuasão ou domínio das vítimas.

AÇÕES PREVENTIVAS

As ações preventivas devem se desenvolver sob dois aspectos:

·        Na capacitação dos bombeiros, no exercício de suas atividades específicas;

·        Na elaboração de planos de evacuação para os principais estabelecimentos, conforme a área de cada unidade operacional, considerando as características e o público a ser atingido, proporcionando condutas educativas com o objetivo de minimizar os efeitos do pânico, em caso de ocorrência do incêndio.

As unidades operacionais do CBMMG, dentro da sua área de atuação, juntamente com os órgãos setoriais da Diretoria de Serviços Técnicos, devem implantar simulados e simulacros em edificações como hospitais, creches, asilos, locais de difícil acesso para as viaturas de combate, locais de concentração de público, e outros julgados relevantes. Tudo para desenvolver a cultura e o controle do pânico, visando ações preventivas, avaliando o desempenho profissional dos bombeiros de forma criteriosa e a utilização dos equipamentos de acordo com observações mais completas e próximas da realidade. Os bombeiros devem ser continuamente capacitados com treinamentos e palestras, com o objetivo de identificar as situações de pânico que poderão ser encontradas nas atividades de combate a incêndios e salvamentos, buscando prepará-los para que não se deixem contagiar pelo medo e para que consigam desenvolver ações controladoras, capazes de transmitir e inspirar confiança nas vítimas.

Os dados obtidos por meio da execução desses exercícios ou treinamentos devem formar um banco de dados nas unidades, possibilitando a otimização do desempenho nos simulados e simulacros futuros, visando à real ocorrência de sinistros.


CONTROLE DO PÂNICO

Em primeiro lugar, é necessário que o bombeiro tenha controle de suas próprias emoções, desenvolvendo também sua capacidade de liderança, para então auxiliar no controle do pânico das pessoas presentes na cena do incêndio.

Deve-se ter em mente que não existe um perfil único para todas as vítimas, podendo ser adultos, idosos, crianças, enfermos, deficientes físicos, deficientes mentais ou grávidas. Logo, o bombeiro terá de analisar esse aspecto no que se refere às características do público encontrado, para só então efetivar uma escolha rápida e bem direcionada da maneira de lidar com ele.
Após obter essas informações, terá como base o horário e a atividade (se residencial ou comercial) do local onde está ocorrendo o sinistro.
A guarnição deve observar quais as vítimas que se apresentam menos traumatizadas, pois elas serão mais facilmente convencidas de que a presença da equipe dos bombeiros é um fator favorável, uma vez que são os indivíduos que os ajudarão a manterem-se vivos.

Para convencer as vítimas envolvidas em um sinistro, o bombeiro deverá ser persuasivo, ao conversar com elas. De acordo com a circunstância, pode ser necessário o uso de meios estimulantes, os quais variam desde a clássica batida nas faces (com moderação), até a ameaça de emprego da força, com o intuito de dominar a(s) vítima(s), sendo recomendado o uso da força apenas em último caso. É necessário que a guarnição de salvamento tenha conhecimento do seguinte:

- Altura e número de pavimentos da edificação;
- Pontos de acesso e escape do prédio;
- Perigos existentes e áreas de risco;
- Sistemas de preventivos existentes e/ou disponíveis; e
- População fixa e/ou flutuante.



SALVAMENTO DE PESSOAS

É um trabalho difícil, pois o bombeiro terá de ir até um ponto, geralmente, confinado pelo incêndio, do qual a vítima por si só não teve condições de sair. Portanto, também ele passa a correr risco de morte. As pessoas constituem a mais urgente prioridade para as guarnições de bombeiros que atuam nos incêndios.

Além do risco da própria vida, poderá, ainda, o bombeiro deparar-se com dois fatores adversos:

a) aglomeração na tentativa de fuga, as pessoas vão se ajuntando até formarem um grupo numeroso, que acaba retido em algum compartimento do prédio. Nesse caso, o trabalho do bombeiro é dificultado, pois todos querem salvar-se e cada um quer ser o primeiro; e

b) pânico estado de extrema ansiedade que, por vezes, torna as pessoas desordenadas e irracionais.

O salvamento, principalmente o de pessoas, consiste na promoção da fuga do local sinistrado, colocando-as em local seguro e isento de riscos.
O principal meio de fuga são as escadas enclausuradas.

As quais, só existem em edifícios mais altos e novos. Ao bombeiro, cabe localizá-las e conhecer o sistema das suas portas corta-fogo. Então, seu trabalho limitar-se-á a conduzir as vítimas até a porta do pavimento sinistrado, daí terão acesso à rua, através da escada enclausurada. Na sua falta, utiliza-se a escada comum.
Dependendo da necessidade, poderão ser usadas outras técnicas de salvamento, como cabos aéreos, escadas ou plataformas mecânicas, entre outros. Porém, só devem ser utilizadas quando necessário e as escadas, por algum motivo, não atenderem ao propósito.

Como a segurança humana é uma das principais finalidades do escape nos incêndios, a evacuação deve estar baseada nos princípios da objetividade, precisão, disciplina e segurança.
As vítimas devem ser conduzidas para as escadas de incêndio, deixando um bombeiro ou mais encarregados de dar as seguintes orientações necessárias:

·        As vítimas não devem ir para os andares superiores;

·        Devem manter uma distância segura entre uma vítima e outra;

·        As vítimas descem apenas de um lado da escada destinando o outro para o trânsito das equipes de bombeiros;

·        Evitam-se correrias e aglomerações desnecessárias; e

·        Concentram-se as vítimas em um mesmo local a fim de se efetuar uma chamada rápida e para que se verifique se há falta de alguma pessoa.

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